Favorita independente de qualquer coisa

No dia do sorteio dos grupos da Copa do Mundo, a Rede Globo escalou seu principal time de comentaristas para cobrir o sorteio. Comandados pelo folclórico Galvão Bueno estavam no estúdio Paulo Roberto Falcão, Caio Ribeiro, Júnior, Casagrande e Joel Santana, como convidado.

Como entre os cabeças-de-chave não estava a França (talvez como "castigo" pelo gol originado da "ajeitadinha" de mão de Henry), havia a possibilidade dos  Le Blues cairem no grupo da seleção brasileira.

Desde o início da transmissão, Galvão Bueno expôs seu verdadeira pavor de que isso acontecesse. A cada seleção sorteada, conforme a chance da França cair no nosso grupo aumentava, Galvão se mostrava cada vez mais nervoso. Além disso ele torcia também para que os franceses não caíssem no grupo H, pois nas oitavas-de-final o Brasil correria o "risco" de enfrentar Espanha ou França.

Em certo momento, Junior soltou a frase que iniciou um rápido debate com Galvão e que fez mudar minha forma de pensar sobre Copa e também minha forma de torcer:

-(...) Depois de vermos Irlanda e França, não dá mais pra termos tanto medo da França...
-Mas é história, Júnior!
-É... Mas a história foi feita pra ser quebrada.
-Vocês três perderam da França! Você, Falcão e Casagrande.
-Ué, mas não quer dizer nada!



Veja a transmissão completa no vídeo acima. O "debate", apartir de 9:58 minutos.

Destaquei a França , pois era seleção que Galvão mais citava, mas ele a todo momento torcia para que seleções fracas caíssem no nosso grupo.

Depois desse dia, além de minha repulsa pelos comentários do narrador global terem aumentado, começei a refletir quanto a algumas questões.

Por que temos, e me incluía nese grupo até aquele dia, tanto medo de outras seleções? Por que o Brasil, que é o maior vencedor de Copas do Mundo, número um no ranking da FIFA atualmente, referência no futebol mundial, tem medo de cair no grupo da França ou de enfrentar a Espanha nas oitavas-de-final? Acompanhem meu raciocínio: você torce por um time porque acredita que seja o melhor e que ele pode e será o campeão.  Com sua seleção, principalmente, não é diferente. Então, apartir do momento que se tem medo de enfrentar  algum adversário , já não mais se acredita que sua seleção seja a melhor e que ela não será campeã!!! Com isso, nossa torcida transforma-se apenas em uma desculpa para pararmos nossas obrigações e fazermos festa. Tudo bem, isso é fato de qualquer forma. Mas além da pausa e da festa, por favor, se for pra torcer, que torçamos direito! De verdade! Acreditemos que a nossa seleção é a melhor,  mesmo não concordando com escalação, com formação, com técnico, com roupa com técnico ou com o que for! Acreditemos que ela pode passar por outras seleções grandes! França? Empatou com o Uruguai e perdeu para o México. Espanha? Jogou bem, mas não marcou nenhum gol e perdeu pra Suíça. 

E para aqueles que ainda assim não se convenceram que temos uma boa seleção, aí vai:
Brasil classificado em primeiro lugar para a Copa com três rodadas de antecedência (vencendo da Argentina).

Campeão da Copa América (em cima da Argentina).

Campeão da Copa das Confederações (enfrentando Itália)

Em 53 jogos, foram 37 vitórias, 11 empates e apenas 5 derrotas.

Como eu disse no post em que analizei a seleção brasileira, esta não é a melhor seleção brasileira que se pode montar atualmente, mas ainda assim é uma das mais competitivas e candidata ao título, seja por ser boa ou pelas outras também não serem. Fato é que, independente de qualquer coisa, a seleção brasileira precisa mudar sua postura nos jogos. Precisa se portar como time grande que é, impôr respeito. Ser respeitada e não respeitar o adversário, isto é, jogar como time que ataca e não que é atacado. Não entrar com salto alto e acreditando que todas as partidas já estão vencidas, mas ter postura de seleção pentacampeã e não ter medo de enfrentar qualquer seleção que seja. Se elas são favoritas, nós também somos, e até mais do que algumas delas.